quinta-feira, 23 de abril de 2009

SARJETA

Aquela calçada era úmida, e tinha o Cheiro da Derrota; a Textura do Fracasso; era Áspera como a Auto-Crítica; Inquietante como a Traição

o Esgoto que corria ao lado trazia lembranças do Córrego de minhas Dores

Meus Anseios de Vómito eram como a tentativa de me despojar de meus Erros Digeridos

Era aquela calçada, aquela rua
Enquanto eu me lembrava de outros caminhos
outras paragens

@móis, o Poeta Mendigo

segunda-feira, 20 de abril de 2009

AOS DISTANTES


Quanto vale uma amizade?
Quanto por cento de respeito?
Qual o grau de humildade?
Pra se ter lugar no peito?

Quem tem aquela relação?
Se emquadra como o amigão?
Quantas cervejas teve que pagar?
Quantas adulações propagar?

Que mancadas teve que engolir?
E vomitar depois te partir?
Que igualdade teve de manter?
Limitando seu próprio ser?

Não se pode assumir a diferença?
Ou tem que se treinar a indiferença?

Voltemos então, ao ponto de partida
De simpáticos olhares intuídos
Empatia da velha alma querida
Tornando corpos novos amigos

@móis, o Poeta Mendigo

quinta-feira, 16 de abril de 2009

TERRA DE NINGUÉM

Venho de uma terra estranha; de onde os vícios e hábitos, atrelados á mecânica ensurdecedora da rotina, se postam como muralhas por sobre a letargia advinda de meus erros

Lá, onde a paranóia se torna real e os temores ganham a forma de Hierofantes com suas tábuas de salvação

Onde a ânsia, sufocada, se esgueira entre as lembranças de momentos felizes e toda afirmação possível é a das incertezas de uma aurora de trevas

Onde o desespero se contenta em estar em segundo plano enrustido e pensamentos roedores degustam da ausência de amor

Venho desta terra que carrego em minhas entranhas
À qual faço visitas periódicas
Meu débito para com minha grandeza

A terra onde só há muros
E tudo se expande além das fossilizações

@móis, o Poeta Mendigo

segunda-feira, 13 de abril de 2009

BOSTA CRÔNICA

"Enjôo! Vontade de vomitar toda a
ojeriza fuzilada sobre mim. Enjôo de
Pátria. A Bosta Indústrial e a Bosta
doentia da República. Sujeira! Fezes
Mórbidas! Genocídio!
Putaria Econômicaaaaaahhhhuuuuuurrrrrrrr...... Sistema Filho da Puta!"


Feições Vampiras querem a minha dor
Autômatos comem Baratas Operárias mortas na calçada
Rua Obscura de becos sombrios onde se escreve o horror
Rua asfaltada com o Sangue Proletário, onde o Estado despeja sua Pegajosa Baba

Inflação de Valores
Crises, Signos e Sigilos Estratégicos
Consuma a vida que se pode

Você no meio do fogo cruzado dessa guerra camuflada
A Cobaia dos Fantoches

"os idiotas andam mordendo a cabeça de uns aos outros pelas calçadas da Úrbis"

A massa aglomerada se pisoteia
O sorriso banguelo dessa gente quando escolheu Barrabás
TURBA FEDORENTA

O animal burguês urra de vaidade
Enquanto isso um boyzinho canta pneu com o carrinho do papai
TURBA FEDORENTA

os Fiéis do Assombro, transitam em Filas Mecânicas por Boulevards Numerados
procurando por Mercadorias, que pra suas Existências lhe dêem Algum Significado

"Perdão Senhorita! Posso tirar-lhe o punhal enterrado à suas costas?"

Zona de Perigo
Os Chacais estão Famintos
Luta Silenciosa na Podridão do Lixo do Caos
Os Titâs Sociais não param de Engordar
Vivem para saciar suas Goelas e Entranhas
Suas Fornalhas Fervem Fumegantes de Ácido Estomacal

O que odeio na Burguesia
É a Merda que ela produz e na qual a gente se atola
O Velho Banheiro da Política fede
E o perigo é de nos Melecar
Enquanto durar
Esta Triste Bebedeira que nos consola

"Saúde! Ainda tenho luxo esperança. Saúde a vocês nesses Detríticos
Dias de Hoje e nos Bizarros Dias de Amanhã... que vocês sobrevivam"


Ray, Cooper e @móis, o Poeta Mendigo

sexta-feira, 10 de abril de 2009

DESCARREGO


Pros Desavisados:
"A Ordem do Fatores Lineares altera o Produto Caótico do Vómito"
= Foda-se! Eu não quero expricá nada!

Farto de Materialismo
(quando todas inquietudes reduzidas a apenas o $ de algum valor monetário)

Corro de encontro ao conforto
Chego e a base se esvai
Como quem abraça um vulto

E nada mais me resta
A não ser o Espasmo de uma Convulsão
O Caos de uma Nau de Controvérsias
E a Certeza da não-Certeza da Existência

@móis, o Poeta Mendigo

quarta-feira, 8 de abril de 2009

OLHOS

Olhos que me encaram avidamente
Tentam escorraçar minha mente
Para fora de seu convívio
Fora do meio de sua gente
Pois eu ando tirando seu alívio

Olhos que me empurram para baixo
Me faz sentir um capacho
Faz meus olhos que nunca mentem
Acuar com seus olhos de aço
Aço que embota o que vocês sentem

Olhos calcados no aço de moedas vis
Impedem o jorro do chafariz
Secando a necessária água da vida
Na beira do abismo por um triz
Remoendo e remexendo a ferida

Olhos soprados por ventos antigos
Limpando a sujeira de seus arcaicos artigos
Cada vez mais modernos na velha função
De separar os amigos dos amigos
Afundá-los na lama da corrupção


Olho vocês que me enfurnaram numa gaiola de vidro
Com vidas emprestadas pra conferir
Instilando e enraizando o vício
Virtualizando o que se pode sentir
Querem ver meu espírito extinguir


Olho vocês que querem a minha morte
Tanta nescessidade de necrofilía
Eu aqui sobrevivo por sorte
Longe da bem-aventurança que queria
De tudo aquilo que perseguia


Olho vocês e sua faces inertes
Impondo seus modos de vida
Com a diferença não cedem um flerte
Essa amante, há muito preterida
Ansiosa por ser querida


Olho o Ser pela raiz ser cortado
O Ter como primeira regra geral
Por isso não passo de um coitado
Afundado neste lamaçal
Apenas por não ser igual


@móis, o Poeta Mendigo